sábado, 30 de julho de 2011

A SÍNDROME DA ÁGUA

Em nossa vida nos deparamos com situações diferentes e imprevisíveis. As que queremos ou não queremos mudar. As que podemos ou não podemos mudar.

Cabe a nós a decisão ou a aceitação.
Algumas chamaremos de problemas ou simplesmente de um trabalho a ser feito. É de nossa liberdade mudar ou deixar como está.
Outras serão simplesmente circunstâncias ou fatos aleatórios a nossa vontade, ou como chamam alguns,”a vontade de Deus”. Não seria errado falar desta forma admitindo-se que Deus é a própria natureza.
Acontece que nos tornamos fatalistas e dependentes do que acreditamos ou do que nos fazem acreditar.
As dores que sentimos sempre serão conseqüência de alguma anomalia em nosso corpo. Estas terão que ser, de uma forma ou de outra, suprimidas ou minimizadas. Há que se procurar como e onde.
As dores psicológicas são apenas projeções de alguém ou de nós mesmos em nossa psique.
Se um home sente piedade de si mesmo pode achar que minimiza a sua sensação de desconforto ou sua dor. Esta poderia ser uma forma de controle para suportar o que não pode mudar.
O verdadeiro controle não está em se fazer força para pensar que o desconforto psicológico não existe.
Se eu penso em suprimir uma dor, estou admitindo que ela existe. Ela simplesmente não existe e o que não existe não me afeta.
O homem moderno, ao contrário dos antigos, cria nomes e sobrenomes para coisas simples e as torna grandes e tão importantes e as trata como tais. Nada pode ter mais importância do que a que já tem.
Chorar pela dor não a diminui, não a faz passar. Muitas vezes um remédio fictício faz às vezes de um tratamento psicológico. Relaxa o corpo se a cabeça pensa que pode.
Se alguém pode me induzir a relaxar e não sentir dor, isto quer dizer que se eu acreditar eu posso, eu posso realmente. Isto quer dizer que esta dor pode ter origem física, mas é basicamente psicológica.
Muito se fala em psicossomático, ou seja, da psique ao corpo, sem esquecermos que também ocorre o contrário. A mente pode fazer adoecer o corpo.
O que acreditamos ou nos fazem acreditar pode nos causar o bem ou o mal. Depende da nossa aceitação e da informação.
Uma mente pode ser aberta por buscar conhecimento ou por ser ingênua a ponto de aceitar o que lhe parece bom.
Algumas formas de desconforto que a natureza proporciona podem ser administradas de forma racional, coerente.
Se estiver chovendo temos algumas alternativas a serem observadas.
Se a chuva me incomoda posso fazer para a chuva, rezar para parar, buscar um guarda-chuva ou não sair.
Parar a chuva não posso. Pedir para parar não adianta. Me sobra aceitar a circunstância e escolher entre buscar uma proteção ou não sair de casa.
Quando alguma coisa nos incomoda não será a raiva que a fará mudar. Se for é somente psicológica e haverá outra forma de resolver.
Se o que me incomoda eu decido que não tem solução, isto me impede de aceitar que tenha ou porque eu, no fundo, gosto de me sentir digno da piedade alheia, embora não goste de admitir.
Eu posso carregar água num balde, jamais num cesto. O balde é a solução que eu posso ter. O cesto não.
Eu posso ser como a água. Posso ser carregado num balde. Posso me adaptar a qualquer situação que não possa mudar. O que não posso mudar é uma circunstância
A circunstância é que a água obedece a uma lei natural, ocupar ao lugar mais baixo e se adaptar ao formato do recipiente.
Não posso chorar porque não posso voar, já que não tenho asas. Não posso ter raiva de um cantor por que não tenho a sua voz. Não posso sentir inveja de um jovem se já fui um e nem sei se soube aproveitar minha época.
Tenho que ser somente o que posso ser. Não reclamo da vida porque tenho e sempre terei o que mereço.
Cada momento deve ser vivido como o único, pois é o que ele é. Não deve ser desperdiçado com buscas milagrosas para o que não tem cura e não precisa dela.